Um livro interessante para quem gosta de preparar mensagens bíblicas é o livro "Sobre a Preparação e a Entrega de Sermões". Abaixo uma pequena análise do livro:
O autor apresenta a importância de não apresentar uma mensagem bíblica sem primeiro analisar com cuidado alguns aspectos importantes relativos ao contexto. Por Exemplo, na sua dissertação ele apresenta vários textos bíblicos que são pregados erroneamente por diversos pregadores, que, ainda que com boas intenções, tiram o texto do contexto e o fazem dizer o que nunca disseram.
O autor escreve sobre várias regras de interpretação que, certamente serão não apenas úteis, mas também necessárias para o pregador que quiser se manter fiel ao texto bíblico.
Abaixo alguns pontos altos e baixos da leitura:
Pontos Altos:
1) Broadus alerta sobre a importância que devemos dar ao contexto de cada texto da Bíblia e também do zelo e cuidado quando lidamos com o texto sagrado;
2) Outro fato importante salientado pelo autor é que os pregadores bem sucedidos fazem uso diligente das Escrituras em sua leitura diária – Pág. 69;
3) Ele também apresenta a necessidade de atentar para o fato de que nem sempre o contexto de um texto se limita a um capítulo ou versículo, tendo em vista que estas divisões foram feitas há não muitos anos atrás;
4) Compreendemos mal o texto pela (1) “má compreensão da fraseologia do texto” pág. 51; (2) por “não levar em conta o contexto” pág. 53; (3) “Espiritualização imprópria” pág. 55;
5) Falando de figuras o autor apresenta a importância de “indagar o que o escrito sagrado ou locutor quis dizer com essa figura.... As histórias contadas pelo Grande Mestre são ilustrações de inigualáveis beleza e emotividade mas são apenas ilustrações...Quando se declara que a vinda de Cristo será como a do ladrão a noite a semelhança diz respeito apenas ao imprevisto” pág. 57;
6) Outro aspecto positivo é “a sugestão para o estudo de textos” pág. 65, onde o autor apresenta que para compreender melhor a Bíblia devemos (1) “estudar minuciosamente o texto” pág. 65; (2) “Dar atenção especial a todas as figuras de linguagem que podem ocorrer no texto ou no contexto – pág. 66 e (3) “Estudar o texto a luz do seu contexto imediato” – pág. 66.
Pontos baixos:
Como pontos baixos me refiro as afirmações que não concordei totalmente com o autor. Eis algumas delas:
1) “O tradutor traduziu para você os termos, mas você é quem deve traduzir as idéias” pág. 52 – Creio que, além de mim, o Espírito Santo também está envolvido neste processo;
2) Ele menciona que as divisões em capítulos e versículos “não foram feitas com muito cuidado e muitas vezes sem admitir o contexto e obscurecendo o sentido” pág. 54. Apesar disto ocorrer creio que não foram todas as passagens bíblicas divididas de forma errada e/ou feitas sem cuidado;
3) O autor analisa alguns textos bíblicos. É verdade que temos que pregar o que o texto diz. Mas, por outro lado, não podemos ser extremistas, por exemplo, o texto de Ex. 2:9 “Leva este menino e cria-mo; eu te darei o teu salário”. Segundo o autor jamais este texto poderá ser aplicado para dar conselhos aos pais. Quem fizer isto, segundo Broadus, “quer como alegoria, quer como acomodação, tal aplicação do texto é indefensável” e será “inescusável”. Pág. 63. Creio, no entanto, que não precisamos ser extremistas nesse ponto.
O pregador poderá falar do sentido original do texto, apresentando o seu contexto, e depois, baseado em outros textos da Bíblia, apresentar que Deus também poderia dizer palavras semelhantes aos pais de hoje. O pregador poderia dizer que é Deus quem concede os filhos “Leva este menino” (Sl. 127:3), dizer que Deus deseja que os criemos para ele (Dt. 6:4-9; Sl. 78:1-6) e que Ele recompensará (dará o salário) aos que cumpriram seu papel de pais eficientemente. O próprio autor admite isto na pág. 64 quando, falando de um provérbio que trata de amizade, diz que “pode-se tomar este provérbio como texto e discorrer sobre amizades que são muito intimas e verdadeiras, e daí, por analogia, aplicar, por sua própria responsabilidade, a falar de Cristo como a um amigo. Isto não quer dizer que esta passagem se refere a Cristo.”
4) Ele afirma que “muitas das idéias de Eclesiastes e de Jó não passam de transitórias tentativas de homens que buscavam mais luz” - pág. 69. Devemos ter cuidado pois esta afirmação pode nos levar a entender que algumas partes das Escrituras são menos inspiradas que outras.
Depois desta análise finalizo dizendo que o que mais me agradou nesta leitura foi a importância de valorizar o contexto, de dedicar tempo para a Bíblia a fim de entender o que Deus quis apresentar ao profeta ou apóstolo, e então apresentar ao ouvinte uma mensagem pura, isenta de preconceitos ou adulteração. Isso me chamou a atenção porque revela a necessidade de dedicar tempo para o estudo da Bíblia. Um sermão não pode ser feito de uma hora para a outra, exige estudo, esmero, dedicação e muita oração.
Pr. Evandro Fávero